informações; Amâncio voltou-se logo para ela, solicitamente, e na febre de falar de sua terra, começou, sem reparar que mentia, a pintar coisas extraordinárias. O Maranhão segundo o que ele dizia, era um viveiro de talentos; os grêmios e os jornais literários brotavam ali de toda a parte; cada indivíduo representava um gramático de pulso; as senhoras — ilustradíssimas; os homens — poços de instrução; as crianças saíam da escola bons poetas e prosadores.

Coqueiro afetava acompanhá-lo naquele entusiasmo, mais ria-se por dentro. O outro lhe parecia cada vez mais tolo.

Lúcia perguntou se Amâncio tinha algumas produções dos seus comprovincianos, que lhe pudesse emprestar. Ele prometeu que traria as que tivesse em casa. E recomendou Entre o Céu e a Terra, de Flávio Reymar.

— Há em sua província um poeta que eu adoro, disse ela, cortando em pedacinhos uma fatia de carne assada que tinha no prato.

— O Franco de Sá? perguntou o maranhense.

— Não, refiro-me ao Dias Carneiro.

Amâncio sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha. Nunca em sua vida ouvira falar de semelhante nome.

— É, disse, entretanto. — É um grande poeta!

— Enorme! corrigiu Lúcia, levando à boca uma garfada. — Enorme! Conhece aquela poesia dele, o...

Novo calafrio, desta vez, porém, acompanhado de suores. E não lhe acudia um título para apresentar, um título qualquer, ainda que não fosse verdadeiro.

— Ora, como é mesmo? insistia a senhora. — Tenho o nome debaixo da língua!

E, voltando com superioridade para o marido:

— Como se chama aquela poesia, que está no álbum de capa escura, escrita a tinta azul?