alguns goles dágua e, procurando mudar de conversa, falou do baile que havia essa noite em casa do Melo. — Devia ser muito bom, constava que havia quinze dias se preparavam para a festa. Era em Botafogo. Campos, logo que recebeu o convite, lembrou-se de levar Amâncio consigo, este, porém, tão raramente aparecia em casa, e agora, com esta mudança...
— Não. Campos falou-me, disse o estudante.
— Ah! sempre chegou a lhe falar?
— Há três ou quatro dias; mas eu não tencionava ir...
— Por quê? O senhor é moço, deve divertir-se.
— A senhora vai?
— Sim, vou.
— Nesse caso irei também.
E Amâncio ligou tão expressiva entonação àquelas palavras, que Hortênsia abaixou os olhos, já impaciente, sem mais vontade de conversar.
— Seria possível, pensava ela — que aquele estudante lhe quisesse fazer a corte?... Não! não seria capaz disso, e, se fosse, ela saberia desenganá-lo! Ah! com certeza que o desenganava!
Campos subiu daí a um instante, e Amâncio, depois de combinar com ele que voltaria à noite para irem juntos à casa de Melo, entregou as suas malas a um carregador e saiu.
Sentia-se alegre; a nova atitude de Hortênsia dava-lhe um vago antegosto de prazeres; previa com delícia os bons momentos que o esperavam.
— E agora é que vou deixar a casa!... pensava ele já na rua. — Que tolo fui! Abandonar a empresa, justamente quando me sorri a primeira esperança! "Mas pedaço de asno, argumentava com seus botões — não calculaste logo que aquela mulher mais dia menos dia havia de escorregar? Por que diabo então não esperaste