bem esse sujeito: a sua corda sensível são as mulheres! Gosta que lhe falem nisso! Tu, do que precisas, é opor-lhe dificuldades, sem que o desenganes por uma vez; nega, mas promete, que obterás a vitória. Quando ele te pedir um beijo, dá-lhe um sorriso; e, quando quiser muito mais, dá-lhe então o beijo, contanto que te mostres logo arrependida, envergonhada, chorosa, inconsolável, e disposta a não lhe ceder mais nada, e disposta a nunca lhe pertenceres, a nunca lhe perdoares aquele atrevimento. E, se ele insistir, repele-o, insulta-o, jura que o desprezas e fá-lo acreditar que amas a outro. — É dessa forma que o hás de agarrar, percebes? Lá quanto às minhas chalaças de ainda há pouco, descansa que por aí não irá o gato às filhoses.

Nesse momento, o rapaz acabava de abrir as malas. As duas senhoras apareceram no quarto.

Ele tinha muita roupa branca, e tudo bom. Camisas finas de linho, ricas toalhas de renda marcadas cuidadosamente por sua mãe, fronhas bordadas, mostrando o seu nome entre labirintos e desenhos caprichosos.

Sentia-se o amor, o desvelo, com que tudo aquilo fora arrumado; cada objeto parecia conservar ainda a marca da mão carinhosa que o acondicionara a um canto da arca. Alguns denunciavam o trabalho paciente de longos tempos, traziam à idéia calmos serões à luz do candeeiro. Adivinhava-se, pelo completo daquele enxoval, a previdência de um coração materno; nada faltava.

À proporção que se iam tirando as peças de roupas, uma tepidez embalsamada respirava dentre elas; parecia que um perfume ideal de beijos se exalava ao desdobrar dos brancos lençóis de linho; percebia-se que muita lágrima e muito soluço ficaram abafados no fundo daquelas arcas.

Vieram ao provinciano novas e mais vivas saudades de Ângela.