Uma vaga tristeza apoderou-se dele; ficou distraído, a olhar silenciosamente para as roupas que as duas mulheres empilhavam no chão e sobre a cama. Sentiu, compreendeu, que ele próprio, à semelhança daquelas arcas, havia também de ir perdendo, pouco a pouco, todas as ilusões, todos os perfumes, com que saíra impregnado dos braços de sua mãe.

E afastou-se do quarto para limpar as lágrimas. As lágrimas, sim, que o fato de sua primeira viagem, as impressões da Corte, a saudade, as aventuras amorosas, as ceatas pelos hotéis, davam-lhe ultimamente uma sensibilidade muito nervosa e feminil. Elas acudiam-lhe agora com extrema facilidade, chorava sempre que se comovia. Às vezes, no teatro, assistindo à representação de qualquer drama de efeitos, ficava envergonhado por não poder impedir que os olhos se lhe enchessem d’água; a simples descrição de um desgraça perturbava-o todo; a música italiana o entristecia; a idéia de um feito heróico ou de um rasgo de perversidade era o bastante para lhe agitar a circulação do sangue e formar-lhe godilhões na garganta.

Quando voltou ao quarto, já os baús estavam despejados.

Mme. Brizard não se fartava de elogiar a boa qualidade das fazendas, o bem cosido das roupas, a pachorra e asseio com que tudo fora feito. Apreciava o trabalho das marcas; chamava a atenção de Amélia para os bordados, para os labirintos e para as rendas.

— Olha! disse-lhe, mostrando um pano de crochê — o desenho é justamente como aquele da toalha do oratório. Só faltam aqui as duas borboletas do canto.

E arrumava tudo, com muito cuidado, nas gavetas da cômoda. Tomava religiosamente sobre os braços os pesados lençóis, os maços de ceroulas em folha, os pacotes