troncos de árvores seguros ao chão; queria gritar, mas a língua inchava-lhe na boca.

Acordou muito fatigado e aborrecido às duas horas da tarde.

Logo que apareceu na sala de jantar, Mme. Brizard fez-lhe entrega de um belo ramilhete, que lhe haviam remetido, a ele, com um cartão. Amâncio apressou-se a ler. O escrito dizia simplesmente: "Ao Dr. Amâncio de Vasconcelos — uma sua amiga."

Cruzaram-se os penetrantes risos adequados ao fato. O rapaz, intimamente lisonjeado, fingiu não se impressionar com aquela manifestação; leu, porém, o bilhete mais duas, três, quatro vezes.

Era letra de mulher, de Hortênsia sem dúvida. Estava ali a sua alma, o fogo de seus olhos. Ele cheirou o pequeno pedaço de papel, e pensou sentir o mesmo perfume que, na véspera, durante a valsa, o tinha penetrado até à medula.

Achavam-se presentes Dr. Tavares, Pereira, o gentleman e Lúcia. Disseram alguma coisa sobre aquelas flores, menos a última, que, junto à janela, parecia preocupada com um livro de capa roxa. O gentleman falou de botânica a propósito de uma dália vermelha que havia no ramo. Afiançou que esta flor possuía em si tantas flores quantas eram as pétalas de que constava.

— Flores perfeitas, com todos os órgãos, Sr. Amâncio — estames, cálice, tudo!

Amâncio, enquanto Lambertosa discorria sobre a dália, leu ainda uma vez o cartão, e, ao levantar à vista, reparou que Nini o fixava, cada vez mais insistente.

Amélia dera-se por incomodada e não veio à mesa.

O jantar correu, pois, muito frio e constrangido a princípio; pouco se conversava e quase ninguém tinha