uma gota de remorso caída no sombrio pélago de seu tédio.

E, contudo, os minutos, os dias e as semanas iam escapando, sem que Amâncio lograsse vencer a sua antipatia pelo trabalho. Olhava com repugnância para os melancólicos compêndios da faculdade, e, quando teimava muito em os conservar abertos defronte dos olhos, quase sempre adormecia.

Um verdadeiro tormento!



Amâncio obteve de João Coqueiro que o acompanhasse à soirée de Campos.

Foi uma noite cheia para ambos; se bem que Hortênsia, de tão preocupada com os arranjos da casa, muito pouco se dera às visitas.

Carlotinha, sim, mostrava-se alegre e comunicativa que nem parecia a mesma. Chegou-se muito para Amâncio, meteu-se com ele de palestra, a fazer pilhéria, a criticar das outras senhoras, com visagens disfarçadas e pequeninos risos estalados por detrás do leque.

O estudante ficou pasmo, quando descobriu que toda essa intimidade procedia do namoro dele com Hortênsia. À primeira indireta da rapariga, o rapaz corou e respondeu titubeando. Carlotinha, porém, o tranquilizou, dando a entender que era discreta e interessada nos segredos da irmã.

E, já em indícios de gracejo, aconselhou-o que frequentasse a casa com mais assiduidade; um domingo sim, outro não, para jantar. Seria muito bem recebido, alguém fazia questão dessas visitas...

Amâncio, no seu papel de inocente, quis saber quem era esse alguém, mas a rapariga negou os esclarecimentos e pediu-lhe em segredo que se calasse, piscando