o olho para o lado esquerdo, onde acabava de assentar-se um sujeito gordo, de barba toda raspada.

— É o Costa! Nada lhe escapa!... soprou ao estudante por debaixo do leque. E depois, em voz alta, disfarçando:

— Pois o baile de Melo esteve muito bom!...

— Muito... confirmou Amâncio. — Há longo tempo não me divirto assim!... Mas, para a senhora creio que ainda seria melhor, se lá estivesse certa pessoa!...

— Quem? O guarda-livros?... Ora!

E, com ar desdenhoso, declarou que há quinze dias ficara tudo acabado.

— Seriamente? perguntou o estudante.

— Sério! E não me sinto com isso, até estimo! No fim de contas aquilo é um tipo impossível; tão depressa está para o norte como para o sul!

— Mas a senhora parecia gostar dele tanto...

— Pensei que fosse outra coisa... respondeu Carlotinha, franzindo os lábios. — Quando, porém, descobri o que ali estava, dei tudo por acabado! foi muito bom; antes assim do que depois do casamento!...

E, para mostrar a sinceridade daquela indiferença, ria com exagero e dava a sua palavra de honra em como não tinha paixão por homem nenhum deste mundo. Havia de casar, sim, porque isso era necessário, mas não que preferisse este ou aquele, não. Todos eles eram a mesma coisa. — uns tipos!

Amâncio defendia o seu sexo, experimentando já pela rapariga uma nascente repugnância instintiva.

Quando, às três horas da madrugada, os dois estudantes se despediram, Campos, entre muitos oferecimentos, pediu ao "Sr. Dr. João Coqueiro" que voltasse qualquer dia, mas com a família. Ele tinha nisso muito gosto.