— Nunca o foi! com ele, nem com pessoa alguma! Conheço até a mulher do Pereira, a legítima — uma velhusca, de óculos, gorda, com um olho agachado, cheio d'água. Mora na Rua da Pedreira.

Amâncio estava tão pasmo quanto indignado; aquela denúncia do colega produzia-lhe o mau efeito que experimentado ao dar por falta do relógio. — Pois o demônio da mulher nem ao menos era casada?... Ele, então, que diabo de papel representara?!...

— Cínica! disse em voz alta.

— Ora! fez o outro. — Não trates de abrir os olhos e dir-me-ás depois as consequências!...

No Rio de Janeiro, prosseguiu — havia muito artista daquela força! Amâncio precisava acautelar-se, se não queria ser esfolado completamente. Lúcia o que desejava era agarrá-lo para amante: farejava-lhe os cobres! Ele, porém, que não fosse tolo! que se não deixasse fisgar por uma tipa de tão baixa espécie!

O provinciano jurava que, até ali, jamais conseguiria coisa alguma das mãos dela.

— Isso sei eu!... tornou Coqueiro, com um riso de velha experiência — isso não é necessário que me digas, porque já conheço a tática das Lúcias! Negam-se, fingem-se difíceis, para valer mais! Quer obrigar-te a cair, toleirão!

— Está bem aviada! exclamou Amâncio, justamente como ainda na véspera havia respondido à Lúcia, quando esta lhe falou a respeito de Amélia.

Ainda nesse dia Coqueiro aproveitou a ocasião em que Pereira fazia a sesta e foi se entender com Lúcia.

Disse-lhe o que sabia a respeito das visitas noturnas ao quarto de Amâncio e declarou terminantemente que