não estava disposto a consentir em casa semelhantes escândalos. Ela, que tivesse paciência, mas fosse tratando de fazer as malas e cuidando de pôr-se ao fresco, se não queria sofrer alguma decepção maior!

A ilustrada senhora ficou lívida, e disparou sobre o locandeiro o mais terrível dos seus olhares. Uma cólera massuda principiou a entupir-lhe a garganta. — Não queria acreditar em tamanho atrevimento!

É! gritou por fim, trincando as palavras. — Você põe-me fora de casa, porque tem medo que eu lhe tome o amante da irmã!

— Insolente! bradou Coqueiro, avançando um passo.

— Não te tenho medo, ordinário! retrucou Lúcia empinando o peito contra ele. — Sairei daqui se bem quiser! Não te devo nada, entendes tu?! Nada!

— Ah! Não deve porque ele pagou!

— E que tem você com isso?! Que tem você com o dinheiro dos outros?! Ou, quem sabe se a donzela da irmã passou-lhe procuração!...

— Seja lá pelo que for! eu é que não a quero aqui, nem mais um instante. É fazer a trouxa e — rua!

— Também não preciso ficar nesse bordel! exclamou ela, e rabanou com direção ao segundo andar.

— Que diz você, sua aquela?! assistiu Mme. Brizard, cortando-lhe o caminho.

— É isso mesmo! respondeu Lúcia, escarrando no chão com desdém. E as duas mulheres ficaram alguns segundos a olhar em silêncio uma para a outra, de mãos nas cadeiras.

Coqueiro e Dr. Tavares meteram-se entre elas.

Lúcia subiu ao n.º 8, aprontou as malas num abrir e fechar de olhos, em seguida vestiu-se para sair, e já de chapéu, a sombrinha na mão, o indispensável enfiado no braço, correu ao quarto de Amâncio.