— Sabes? bradou logo ao entrar, empurrando a porta com fúria. — Aquela bêbada e o marido acabam de me enxotar daqui por tua causa! Têm medo que eu te coma! Não posso ficar nem mais um instante! Desejo que me emprestes o Sabino!

— O Sabino estava às ordens, mas para onde se atirava ela com tanta precipitação?

— Não sabia! Havia, porém, de encontrar um canto, onde se metesse! Havia de descobrir um buraco, ainda que fosse no cemitério!

E Lúcia levantou os punhos até às fontes, como para se esmurrar, mas cobriu o rosto com as mãos e abriu num pranto muito nervoso. Era a reação que chegava.

Amâncio saltou da cama e correu para ela. Desembaraçou-a do chapéu, da bolsa e da sombrinha e puxou-a depois sobre si.

— Não te consumas... disse — não te mortifiques desse modo.

— Sou uma desgraçada! respondeu a mulher, assoando as lágrimas. — Nada se cumpre do que eu desejo! Nada! O melhor é dar cabo desta vida miserável!

E soluçava com o rosto escondido no peito do rapaz.

Na febre daquele choro agitado, os seus movimentos transformavam-se em carícias. Amâncio sentia-lhe as lágrimas quentes e o contato carnal dos lábios, que elas ensopavam. Os desejos assanhavam-se-lhe de novo pelo corpo, como insetos que voltam com o calor.

E tornava a cobiçá-la com os mesmos ardores primitivos.

— Não me queria separar de ti... queixou-se ela, afinal, virgulando as suas frases com soluços suspirados. — Em ti havia firmado todas as minhas esperanças de ventura, todos os sonhos de minha vida! Amava agora