fazia meia a um canto da casa. Amâncio que se aproximasse dela e lhe dissesse em segredo que o seu João, o seu querido filho...

Uma agonia violenta tolheu-lhe a fala. Ele ainda tentou dizer alguma coisa, mas o sangue purulento já lhe golfejava da boca e caía-lhe em jorro pelo corpo. Estirou-se todo, dobrou a cabeça para trás e, depois de entesar num estremecimento os membros rechupados, foi pouco a pouco cerrando os lábios e empenando o corpo com um gemido longo e sentidíssimo.

Lá fora, a música duvidosa continuava, ao longe, entristecendo.

Amâncio teve um assomo de cólera; seu temperamento nervoso e egoísta, revolucionava-se com o choque daquele incidente desagradável, que lhe dizia respeito e vinha-lhe todavia roubar despoticamente o sossego.

Logo que o tísico expirou, correu a acordar Sabino com um murro. O moleque levantou-se, como da primeira vez, e correu à cama do tísico. A lamparina bruxuleava sobre o velador, projetando em volta, pelas paredes, sombras que se iam dobrar no teto.

Sabino abismou-se ao dar com o leito vazio, olhou em torno, muito pasmo, chegou a levantar a colcha e a espiar para baixo da cama; depois correu à janela e interrogou a solidão fria da rua.

— Ué! Disse.

— És uma peste! gritou-lhe Amâncio. — Por tua causa o tísico foi morrer no meu quarto! Ande! Vá chamar Dr. Coqueiro ou alguém que trate do corpo! Aqui em cima, creio que não há ninguém, nem sequer o Paula Mendes.

O rabequista, com efeito, havia ficado essa noite em companhia da mulher em Niterói.

A notícia levantou embaixo um rebuliço. À exceção de Campelo