e do guarda-livros, ninguém mais se conservou na cama.

Mme. Brizard arrepela-se, praguejando contra o maldito caiporismo que a perseguia ultimamente. — Até já lhe vinham os tísicos morrer em casa! Era demais!

Causou grande impressão a narrativa de Amâncio sobre os últimos momentos do homem. Dr. Tavares desfez-se em altas considerações a esse respeito. Coqueiro proibiu à irmã que subisse ao segundo andar, enquanto o cadáver não estivesse convenientemente amortalhado e deposto no sofá que às pressas se carregou para cima. Por toda a casa distribuíram-se fogareiros de incenso e alfazema. Sabino fora, de um pulo, buscar à botica uma garrafa de labarraque, e o copeiro saíra para lançar à primeira praia o colchão, os lençóis e os travesseiros que serviram ao defunto.

Descarregou-se o quarto. A francesa quis abrir um velho baú de folha, que jazia a um canto e que era o único objeto deixado pelo morto; mas Dr. Tavares opôs-se-lhe energicamente, citando artigos do código criminal e dizendo em tom de autoridade que o falecido era um súdito português e, por conseguinte, só ao cônsul de sua nação competia fazer-lhe o espólio dos bens!

— E o que nos ficou ele a dever?! E mais a despesa dos lençóis, do colchão e do diabo?! perguntou Mme. Brizard.

— Recebe-se do consulado português ou não se recebe de pessoa alguma, apressou-se a explicar Coqueiro, que já sabia perfeitamente não haver dentro do tal baú coisa alguma de valor.