O corpo saiu no dia seguinte, em um carro da misericórdia. E Amâncio declarou positivamente que não estava disposto a ficar na casa de pensão nem mais um dia.
— Pois então vamos todos para um arrabalde! — deliberou Mme. Brizard, em consequência dos repetidos conchavos que fizera com o marido.
Diabo era o estado de Nini, a pobrezita achava-se agora completamente desarranjada. Comia encostando a boca no prato, como um bicho; não trocava palavra com pessoa alguma e nem mais podia ficar em liberdade, porque de vez em quando lhe acometiam frenesis, que lhe davam para morder os outros e espatifar as roupas até ficar nua.
O médico entendia, porém, que com um bom regime hidroterápico, ela ainda podia restabelecer-se. Citou exemplos animadores, "bonitos casos", disse os belos resultados que ultimamente se obtinham por meio das duchas de água fria no tratamento das enfermidades nervosas, e terminou declarando que, só por esse meio, havia esperança de uma cura radical.
E o doutor, logo que esteve a sós com Amâncio, confidenciou-lhe, rindo:
— Já toquei à velha sobre aquilo que falamos; creio que desta vez fica o senhor livre da histérica!
Venceram-se, com efeito, os escrúpulos de Mme. Brizard e Nini foi para a Casa de Saúde do Dr. Eiras. A mãe teria notícias dela todos os dias e havia de lhe aparecer em pessoa duas vezes por semana.
— Aquela rapariga era o tormento de sua vida! Antes Deus a tivesse chamado para si! Agora, o que não seria necessário gastar com a tal casa de saúde?... talvez uns vinte mil-réis diários, se não fosse mais! Onde iria tudo aquilo parar? Era caiporismo, definitivamente!