Como desejavam, descobriu-se uma casa em Santa Teresa. Dr. Tavares e o guarda-livros acompanhariam a família; Campelo, o esquisitão, é o que não estava pela mudança. Logo que lhe falaram nisso, pediu secamente a nota de suas despesas, pagou-a, e retirou-se muito calmo, assoviando, de mão no bolso, cabeça erguida, na mesma fleuma inalterável com que costumava sair todas as manhãs para o trabalho.

Todo ele ia como a dizer no seu silêncio indiferente e egoísta: "A mim tanto se me dá seis como meia dúzia... morar com Pedro ou morar com Paulo, tudo para mim é a mesma coisa, desde que, em troca do — meu dinheiro — me apresentem um quarto limpo e a comida a horas certas. Se dez anos continuasse aqui Mme. Brizard, dez anos ficaria eu na Rua do Resende; mas, uma vez que se muda para Santa Teresa — adeus! vou bater à outra freguesia... o que por aí não faltam são casas de pensão."

Paula Mendes, ao entrar pouco depois, recebeu um cheio a notícia de que a família Coqueiro ia deixar a casa e que, por conseguinte, era preciso que ele saldasse as suas contas.

Mas o rabequista não tinha dinheiro na ocasião. — Logo que o tivesse havia de pagar integralmente.

Os locandeiros não estavam por isso, já lhes bastavam os calos do gentleman e do Melinho! E, depois de uma troca agitada de palavras, Mendes propôs deixar o piano, ficando-lhe o direito de resgatá-lo mais tarde com a devida importância.

Mme. Brizard queria dinheiro e não instrumentos de música! O Sr. Paula Mendes que vendesse o piano e liquidasse depois as suas contas!

Assim foi. O rabequista saiu, e, quando à tarde voltou à casa de pensão, trazia consigo um homenzinho de