barbas compridas, que fechou o negócio por quatrocentos mil-réis. Mendes pagou o que devia, fez tristemente as suas malas, e afinal se retirou de cabeça baixa e mãos cruzadas para trás.

César, que o fora espreitar no corredor, voltou à varanda, dizendo espantado que ele chorava ao descer as escadas.

— Deixa-o lá, menino! resmungou a locandeira, e tocou a sineta, chamando para a mesa.

O jantar já não tinha o caráter de uma refeição de hotel, em mesa-redonda. Agora compareciam apenas cinco pessoas: Amâncio, Amelinha, Mme. Brizard, Coqueiro, Cezar e Dr. Tavares. O guarda-livros, esse continuava a não comer em casa.

Mme. Brizard suspirava à vista dos lugares vazios. — Oh! Que aperto de coração lhe fazia aquilo! Não podia resistir a tanta contrariedade ao mesmo tempo!...

Pelo correr do jantar, falou a respeito de Nini, queixou-se de saudades. Já à sobremesa, recrudesceram-lhe as ternuras maternais, vieram-lhe nostalgias, uma lágrima saltou-lhe do olho esquerdo. Chamou César para junto de si, abraçou-o e beijou-o repetidas vezes e ficou a passar-lhe a mão pela cabeça. Um silencioso constrangimento se apoderou das pessoas presentes; depois, ainda com a voz quebrada de comoção, ela pediu ao Coqueiro que se não descuidasse de cobrar o que Lambertosa e Melinho ficaram a dever. — Agora precisavam muito e muito de dinheiro!...

Mudaram-se no dia seguinte. Amâncio ia muito incomodado, amanhecera pior, quase que não podia mexer com as pernas; todos lhe profetizavam, entretanto, rápidas melhoras em Santa Teresa. O cômodo que