lhe destinaram era da casa o mais espaçoso e arejado.

Amelinha não o desemparava, já não escondia até os seus carinhos, chegava-se abertamente para o rapaz, como se fora casada com ele. Às vezes dizia-lhe segredos na presença do irmão ou da francesa; prestava-lhe pequeninos serviços amorosos: levantar-lhe, por exemplo, a gola do fraque, se fazia frio; abotoar-lhe o colarinho, se estava desabotoado; atar-lhe a gravata, se o laço se desmanchava; chegar-lhe para junto a escarradeira se Amâncio queria fumar.

Em Santa Teresa esses desvelos multiplicaram-se. Aí já era a menina quem lhe metia os botões na camisa e as fivelas no colete, quem lhe escovava a roupa e o chapéu, quem lhe punha o perfume no lenço e lhe dava corda no relógio, e, quando fazia bom tempo e o rapaz tentava um passeio pelo morro, era ela quem corria a lhe trazer a bengala ou o chapéu de sol, perguntando muito solícita se ele não se esquecera dos charutos e dos fósforos, se já tinha lenço, se levava dinheiro.

Mas, às vezes, resignava, quase que ralhava com o estudante. Fazia-lhe censuras, tomava-lhe contas de umas muitas coisas: Se Amâncio passara por tal rua, se estivera durante a ausência a passear sempre ou se encontrara alguém porventura em alguma parte; quando lhe sentia cheiro de álcool queria saber o que o rapaz bebera.

Amélia, enfim, se derramava por todo ele, sem Amâncio dar por isso; invadia-o sutilmente, como um bicho que entra na carne.

A nova residência punha-os muito mais juntos, muito mais unidos do que a da rua do Resende. Os quartos eram pequenos, chegados uns dos outros; havia um sótão com escadaria para a sala de jantar. Amâncio morava aí, sozinho.

Tinha de seu uma alcova e um pequeno gabinete de