Mas nessa noite, Amélia, pela primeira vez, depois do seu novo estado, não se apresentou às horas habituais no quarto do estudante.

Amâncio, sem perder as esperanças de a ver surgir de um momento para outro e precipitar-se-lhe nos braços, não conseguiria ficar tranquilo. Aquele procedimento, vindo de quem vinha, o revoltava como a mais infame das ingratidões!

Ouviu dar três horas, quatro, cinco. Não se conteve, levantou-se, pisando forte, desceu à varanda e foi bater à porta de Amélia.

Nada.

Bateu mais rijo.

— Que é? perguntou ela asperamente.

— Preciso falar-lhe.

— Não são horas próprias para isso!

— Ouça! Quero dizer-lhe uma coisa...

— Não tenho negócios! Entenda-se com meu irmão!

Amâncio voltou ao quarto, desesperado. Não que o acovardassem as ameaças da rapariga; bem percebia que as suas relações com ela não eram em casa nenhum segredo e, além disso, desde que aceitavam o pagamento, — ora adeus! nada podiam dizer! mas apoquentavam-se com a falta que já lhe fazia o diabrete da pequena. Habituara-se a dormir ao calor perfumado daquele corpinho branco, ajeitara-se ao cômodo amor daquela mulherzinha nova e palpitante e, agora, não podia voltar, assim sem mais nem menos, às suas tristes noites desacompanhadas de outro tempo.

Acordou muito tarde no dia seguinte. Amélia, quando ele saiu do quarto, não lhe deu palavra; estava arrumando uma caixa de retalhos, e arrumando ficou. Mme. Brizard havia saído para ver Nini. — Coqueiro e os hóspedes achavam-se também na rua.