Quem pode com esta vida?! Ah! você não sente, bem certo! porque muita vez o encontro a dormir, e dormindo o deixo quando saio! Mas eu?! se quero que não aconteça como outro dia (que nem sei como não deram pela coisa!) o remédio que tenho é ficar alerta e não deixar que o dia me surpreenda a dormir no seu quarto! Vê você?!

— Mas daí?... perguntou Amâncio, no fundo compenetrado de que "a pobre menina" não deixava de ter o seu bocadinho de razão.

— Daí... esclareceu Amélia — é que nessa tal casa de que lhe falei, e que está para se vender muito em conta, há, além dos cômodos necessários para Loló e Janjão dois quartos magníficos, com entradas independentes e comunicáveis entre si por uma pequena alcova. Ora, um dos quartos dá para a sala de visitas e o outro para a sala de jantar; no caso que arranjássemos o negócio, você ficaria com um e eu ficaria com o outro, e dessa forma acabavam-se os sustos e as canseiras; porque durante o dia abriam-se as do lado de fora e fechavam-se as de dentro, mas à noite praticava-se justamente o contrário, e ficávamos nós em completa liberdade! Compreende você agora?...

— Sim. Amâncio compreendia e até achava o plano muito bem lembrado, mas a questão é que não via necessidade de comprar a casa, era bastante alugá-la...

— Sim, sim! mas é que o dono não a aluga, quer vendê-la. E onde você encontra outra casa nessas condições?...

— Hei de passar por lá...

— Não. Vamos hoje mesmo, à tarde. Loló já prometeu que nos acompanha.

— Pois sim.