ligar duas idéias sobre qualquer coisa e não conseguia repousar duas horas seguidas. Ficou ainda mais desnorteado que da primeira vez.

Amelinha, então, o estimulava com as suas garrulices de pomba que já fez ninho. Puxava por ele, tentando arrancá-lo daquele estado, mas não conseguia despertar-lhe um só dos antigos momentos de bom humor, nem lhe merecer uma de suas primitivas carícias.

O rapaz andava tonto, cheio de pressentimentos e de sustos. Tornou-se até supersticioso. — Não podia ver entrar no quarto uma borboleta de cor mais escura; não podia suportar o uivar dos cães, nem queria que a amante prognosticasse "um bom resultado nos exames".

— É melhor não falar!... dizia ele, muito esmalmado.

Mas que prazer o seu voltar pronto da escola! Jamais tivera um contentamento tão agudo. Ria sem motivo, sentia ímpetos de abraçar a toda gente, pulava, cantava, parecia doido.

Soubera do resultado no mesmo dia da prova oral, por intermédio de um dos professores. — Saíra aprovado plenamente.

Vencera!

Colegas o acompanharam até a casa. Lá ia Paiva, sempre com o seu olhinho irrequieto e mexeriqueiro, o seu todo enfrenesiado e farto "desta porcaria de mundo". Lá ia o triste Salustiano Simões, encasmurrado no seu ar incrédulo e bamba, a mascar o cigarro, a aba do chapéu encostada à gola sebosa do fraque.

Abriram-se garrafas de champanha; fizeram-se brindes. João Coqueiro desmanchava-se em sorrisos, como se partilhasse diretamente de todas aquelas manifestações.

Foi muito elogiado o exame de Amâncio, tocaram-se os copos, entre fervorosas palavras de animaçã