— Eu não consinto nessa viagem! disse-lhe terminantemente.
— Mas não vês que se trata de um caso urgente, que se trata de defender meus interesses, que se trata de salvar a vida de minha mãe?... Ou queres tu que eu a mate, hein?...
Amélia não tinha nada que ver com isso!... A sua questão resumia-se no seguinte: "Dera-se a um homem porque o amava e porque se supunha amada por ele; esse homem a possuiu como bem quis, gozou-a como muito bem entendeu, e, um belo dia, talvez por já estar farto, resolvia meter-lhe os pés e pôr-se ao fresco!"... Boas! Não havia de ser com ela! Amâncio que não caísse em semelhante asneira, porque então veria o bom e o bonito! Quem o afiançava era "a Amelinha dos camarões"!
— Mas, filha, que queres tu que eu faça?... Bem vês que esta viagem ao Norte é inevitável!
— Pois então vamos juntos... Casa-te primeiro comigo!
A idéia foi tão intempestiva que o estudante respondeu com uma gargalhada. Mas o demônio da rapariga, tornando às boas de repente, saltou-lhe ao pescoço e disse-lhe, entre beijos:
— E por que não?... Por que não te casas logo comigo, meu amor?...
— Porque era impossível!... explica ele. "Casar não é casaca!" Era ainda muito cedo para cuidar nisso!... Primeiro tinha de formar-se, praticar algum tempo em Paris, e depois então... sim senhor, não dizia o contrário e havia de ser o mais empenhado em que a coisa se realizasse! Mas por ora... "Deus nos acuda!" era até loucura pensar em semelhante história!...
Amélia fez-se logo de mau humor; vieram os remoques