quando ele se meteu na cama, já a pequena dormia a bom dormir e, pela manhã, bem a viu acordar e escafeder-se para o banho... Que diabo teria então mexido ali?... As portas ficavam sempre fechadas por dentro!... Supor que tivesse guardado o demônio da carta em outra parte... mas como? se a deixara justamente dentro das minutas, e as minutas lá estavam?...

Mas Amélia vinha de entrar no quarto ao pé.

— Ó Amelinha! viste por caso por aí alguma carta?... perguntou o rapaz indo ao seu encontro.

— Que carta? fez ela com o ar mais calmo e mais natural deste mundo.

— Uma carta que nem é minha!... Guardei-a naquela gaveta, — desapareceu!... Agora não sei que contas prestar ao dono! É uma entalação! uma verdadeira entalação! queixava-se o rapaz convictamente.

— Mas, onde a puseste?

— Na gaveta da secretária; estou-te a dizer!

— Então deve estar lá. Procura bem.

— Já vi. Não está!

— Pois aqui não entra mais ninguém... Eu cá por mim, não mexo nunca nos teus papéis, e ainda nem abri, uma vez sequer, qualquer dessas gavetas... Se puseste a carta aí, aí deve estar por força!

— Qual está o quê! Já despejei a gaveta! Já remexi tudo.

E a desordem em que se achava o quarto dizia isso mesmo.

— Então não sei... concluiu Amélia, sacudindo os ombros. E continuou tranquilamente a enxugar os cabelos, cujo serviço havia interrompido para atender às perguntas do amante.

— Mas a carta também não podia voar! declarou este em tom áspero.