coisas, filho, assim é que se decidem. E, quanto aos arranjos da viagem... cá estou eu para te ajudar!...

Calaram-se por alguns instantes. Paiva Rocha pediu um novo sherry-cobler e prosseguiu enquanto o amigo, muito pensativo, fitava o mármore da mesa:

— Agora, se estás tão embeiçado pela sujeita, que não tenhas ânimo de a deixar; isso é outra coisa!... Neste caso, o melhor é escrever à velha, dizendo-lhe que venha, arranja um novo advogado de confiança que se encarregue de teus negócios no Maranhão, e faze a vontade à pequena — casa-te!

Amâncio torceu o nariz com enfado:

— Qual!

— Então, filho, que esperas?... É perder o amor aos objetos que lá tens, e fazer o que já te disse!

— Mas Coqueiro não poderá tomar alguma vingança?...

— Não sejas parvo! resmungou o outro, bebendo de um trago o que ainda tinha no copo; e ergueu-se disposto a sair. — Amanhã às mesmas horas, cá estou! Traze o cobre e deixa o resto por minha conta!

Separaram-se concordes e que no dia seguinte ficariam depositados na república do Paiva os apetrechos da fuga.

Em casa de Coqueiro, todos, à semelhança de Amelinha, nem de leve mostravam suspeitar de coisa alguma; pareciam até mais tranquilos e satisfeitos. Nem um gesto de ressentimento, nem uma palavra indiscreta que os denunciasse. Tudo era paz e bem-aventurança.

Reapareceram as primitivas noites de amor, como boa estação que volta carregada de flores. Os dois amantes nunca se possuíram tão satisfeitos um do outro e nunca se patentearam tão convictos da mesma felicidade. No empenho comum de se enganarem, cada qual redobrava de carinhos e meiguices; enquanto por