novo Amâncio! ou quem sabe se contas viver do que der o cortiço da Rua do Resende?! Fizeste-a bonita; os outros que amarguem!...

Calou-se por um instante, arquejando, mas repinchou logo:

— Olha! Por estes três meses já podes avaliar o que não será o resto! — Não há mais um punhado de farinha em casa; a companhia já ontem nos cortou o gás, porque não lhe pagamos o trimestre vencido; o último criado que nos restava foi-se há mais de quatro semanas, dizendo aí o diabo; só nos resta a mucama, que é aquele estafermo que sabemos; o Eiras reclama todos os dias do tratamento de Nini! — E tu!.. tu! — sem um emprego, sem um rendimento, sem nada! — Então?! E pôs as mãos nas cadeiras, com um riso abominável de ironia. Então?! Estamos ou não estamos arranjadinhos?!... O que te afianço é que não me sinto nada disposta a tornar ao inferno da existência que curti na Rua do Resende! Vê lá como te arranjas!

Coqueiro fugiu para o quarto, sem responder à mulher. "Tinha medo de fazer um despropósito!"

— Que miséria de vida, a sua! refletia ele. — Nem ao menos a própria família o consolava! Por toda a parte a mesma perseguição, o mesmo ódio, a mesma luta! — Que seria de si?! que fim poderia ter tudo aquilo?! Onde iria cavar dinheiro para manter os seus?! — E as custas do processo, e as despesas que fizera?! — O alferes e o homem da venda exigiam o pagamento do que depuseram contra Amâncio a quem mal conheciam de vista; aquele o ameaçava com um escândalo, se Coqueiro não lhe "cuspisse ali os cobres"; o outro o abocanhava pela vizinhança, fazendo acreditar que o devedor era, nem só um caloteiro como um bêbado!