esperto! enganava os mais velhos; tinha lábias, como ninguém, para conseguir as coisas, e sabia empregar mil artimanhas para obter o que desejava! — Não! definitivamente não havia outro!

Ângela, a um canto da varanda, assentada entre as suas visitas, seguia o filho com um olhar temperado de mágoa e doçura.

— O que lhe estaria reservado?... o que o esperaria no futuro?... cismava a boa senhora, meneando tristemente a cabeça — oh! às vezes cria-se um filho com tanto amor, com tanto amor, com tanta lágrima, para depois vê-lo andar por aí aos trambolhões, nesse mundo de Cristo!... E a idéia de que, talvez, nem sempre o teria perto de si, que nem sempre o poderia obrigar a mudar a camisa quando estivesse suado; obrigá-lo a tomar o remédio quando estivesse doente; obrigá-lo a comer, a dormir com regularidade; a evitar, enfim, tudo que lhe pudesse prejudicar a saúde; oh! a idéia de tudo isso lhe entrava no coração como um sopro gelado, e fazia tremer a pobre mãe.

— Ai! ai! disse ela.

— Que suspiros são esses, D. Ângela? perguntou o Dr. Silveira, que estava ao seu lado. Homem íntimo da casa e figura conhecida na política da terra.

— Malucando cá comigo... respondeu a senhora. E como o outro estranhasse a resposta: — Quem tem filho, tem cuidados, senhor doutor!...

— Oh! oh! exclamou este, com um gesto autorizado, abrindo muito a boca e os olhos. — A quem o diz, Sr.ª D. Ângela, a quem o diz... Só eu sei o que me custam esses quatro pecados que aí tenho!...

E para provar que dizia a verdade, teria falado nos seus cabelos brancos, se não os pintasse.

Quando Ângela se afligia daquele modo, sendo