rica; quanto mais ele — pobre jurisconsulto, com pequenos vencimentos e uma família enorme!...

— Ah, os tempos vão muito maus...

Puseram-se logo a falar na ruindade dos tempos. "Estava tudo pela hora da morte! — Comia-se dinheiro!"

Mas Silveira voltara-se rapidamente para dar atenção a Amâncio, que acabava de aproximar-se, em silêncio, com o ar presumido de quem tinha consciência de que toda aquela festa lhe pertencia.

— Então, meu estudante! — disse o jurisconsulto, empinando a cabeça. — Já escolheu a carreira que deseja seguir?

— Marinha, respondeu Amâncio secamente.

A farda seduzia-o. Nada conhecia "tão bonito" como um oficial de marinha.

A mãe riu-se com aquela resposta, e olhou em torno de si, chamando a atenção dos mais para o desembaraço do filho.

À meia-noite foram todos de novo para a mesa. Vasconcelos era muito rigoroso quando recebia gente em casa; queria que houvesse toda a fartura de vinhos e comidas. Os brindes reapareceram. Abriram-se garrafas de Moscato d'Asti, Chateau Yquem e Champagne.

Conversou-se a respeito dos vinhos de Vasconcelos. "O Maranhão era incontestavelmente uma das províncias onde melhor se bebia!"

Do meio para o fim da ceia, Amâncio sentiu-se outro.

Em uma ocasião que o pai se afastara da mesa, ele pediu um brinde e cumprimentou as "pessoas presentes".

Este fato causou delírios. O próprio pai não se pôde conter e disse entredentes, a rir:

— Ora o rapaz saiu-me vivo!