— Ainda é cedo, elucidou o Salustiano. — Quando te começarem as aventuras, há de ver o que vai por essa sociedade!

— Não é tanto assim! opôs Coqueiro. — Vocês são todos homens dos extremos!

E voltando-se confidencialmente para Amâncio:

— O Doutor, decerto, encontrará muita mulher perigosa, de quem deve fugir como o diabo da cruz; mas terá também ocasião de ver algumas raparigas bem educadas, honestas e inteligentes. Não as vá procurar na alta sociedade, não, que aí se escondem as piores! mas indague-as cá por baixo, na mediocracia, que as há de descobrir. E olhe, se quer aceitar um conselho de amigo, case-se! Não há melhor vidinha! Estou casado há três anos e ainda não tive um segundo de arrependimento!... Ao menos conserva-se a saúde, desenvolve-se o espírito e trabalhe-se mais... O método, homem! o método é o segredo da existência!

E, puxando a cadeira para mais perto de Amâncio falou-lhe em voz baixa. Que no Rio de Janeiro era preciso ter um amigo sincero, não que "primasse nos menus", mas que fosse capaz, que tivesse imputabilidade moral! — Amâncio estava defronte de duas estradas; uma que conduzia à verdadeira felicidade e outra que conduzia à desordem, ao vício e à completa desmoralização! Que se não deixasse levar pelos pândegos!... E olhava à esconsa os dois outros companheiros. Aquilo era gente sem nada a perder!... Amâncio, enfim, que aparecesse no domingo e teriam ocasião de falar mais de espaço. Não deixasse de ir: havia muito o que dizer e conversar.

Amâncio prometeu de novo.

O almoço chegara ao ponto em que os comensais falam todos ao mesmo tempo e em voz alta. Havia agitação;