A pequena, muito contrariada, fez uma cara de raiva e gritou — que a soltasse! que não fosse atrevido!

E desviava o corpo, querendo defender-se, mas sem se descuidar dos copos.

— Mau! mau! siga o seu caminho e deixe os outros em paz!

Amâncio não fez caso e conseguiu beijá-la a pura força. Derramaram-se algumas gotas de leite.

— Maus raios te partam! clamou a rapariga, assim que o viu pelas costas. — Peste ruim de um estudante!

A peste ruim do estudante saiu, e só interrompeu a caminhada para entrar num botequim, onde pediu café. Então, defronte ao espelho, pôde admirar o belo estado em que se achava.

— Como diabo havia de apresentar-se naquele gosto em casa do Campos?... Também que triste idéia a sua — de se enterrar numa casa comercial! Não! com certeza estava mal hospedado... nem lhe convinha permanecer ali! — Oh! Bastava já de ser governado, de ser vigiado a todo instante! — Já era tempo de gozar um pouco de liberdade.

E enquanto sorvia compassadamente o café, recapitulava na memória todo o seu passado de terror e submissão: — Antes de entrar para a escola de primeira letras, nunca lhe deixaram transpor a porta da rua ou a porta do quintal; os outros meninos de sua idade tinham licença para empinar papagaios, brincar entrudo, queimar fogos pelo tempo de São Pedro; — ele não! depois caiu nas garras no professor — aquela fera! Nunca saía de casa, sem levar atrás de si um escravo para o vigiar, para o impedir de fazer travessuras e obrigá-lo a caminhar com modo, direito, sério