vergadas sobre a "tábua de engomar", passavam roupa a ferro.

Amâncio, quando criança, gostava de meter-se com elas, participar de suas conversas picadas de brejeirice, e deixar correr o tempo, deitado sobre as saias, amolentando-se ao calor penetrante das raparigas, a ouvir, num êxtase mofino, o que elas entre si cochichavam com risadinhas estaladas à socapa. Por outro lado, as mulatas folgavam em tê-lo perto de si, achavam-no vivo e atilado, provocavam-lhe ditos de graça, mexiam com ele, faziam-lhe perguntas maliciosas, só para "ver o que o demônio do menino respondia". E, logo que Amâncio dava a réplica, piscando os olhos e mostrando a ponta da língua, caíam todas num ataque de riso, a olharem umas para as outras com intenção.

De resto, ninguém melhor do que ele para subtrair da despensa um punhado de açúcar ou de farinha, sem que Ângela desse por isso.

— O demoninho era levado!

E assim se foi tornando mulherengo fraldeiro, amigo de saias.

A mãe, quando ouvia da varanda as risadas da criadagem, gritava logo pelo filho.

— Já vou, mamãe! respondia Amâncio.

— Lá estava o diabrete do menino às voltas com as raparigas no quarto da goma! Oh! que birra tinha ela disso!...

Mas Amâncio não se corrigia. É que ali ao menos não chegaria o pai.

Às vezes, quando ia passear à casa de alguma família conhecida, arranjava-se com as moças, gostava de acompanhá-las por toda parte, fazendo-se muito dócil e amigo de servir. Como era ainda perfeitamente criança e bonitinho, elas lhe faziam festas e davam-lhe doces,