era um nunca terminar de festas; a casa vivia num rebuliço constante; os intervalos das pândegas não davam sequer para a trazer arrumada e limpa. Quando não fossem bailes, eram passeios, piqueniques, manhãs no campo, dias passados na Tijuca ou no Jardim Botânico. Lourenço, às vezes, voltava ébrio, a cachimbar no fundo do carro, e a fazer carícias piegas à mulher, que ao lado, chorava silenciosamente. Ela, coitada! tinha muito medo sempre que o via nesse gosto, porque o demônio do homem dava então para brigar, mexia com quem passava, metia a bengala nos cocheiros e quebrava com os pés tudo que encontrasse no caminho.

Tiveram o primeiro filho — Janjão. Criancinha feia, dessangrada, cheia de asma. Até aos cinco anos parecia idiota: passavam os dois a babar-se debaixo da mesa de jantar ao pé de um moleque encarregado de vigiá-la.

A mãe desfazia-se em mil cuidadozinhos com a criança; era esta o seu enlevo, a sua vida. Mas o pai não estava por isso: — temia que o rapaz lhe saísse um maricas. Desejava-o forte, decidido!

E, com enormes sobressaltados da mulher, tomava-o pelas perninhas magras e suspendia-o no ar.

— Os homens assim é que se fazem, minha filha! dizia ele a rolar o pequeno entre as mãos.

E não admitia igualmente que o menino tivesse outra cama que não fosse um enxergão. Não o queria calçado, nem vestido e, em vez de estar ali a babar-se defronte do moleque, seria muito melhor que fosse correr para a chácara.

— Ele pode machucar-se, Lourenço, cair! observava a esposa timidamente.

— Pois deixa-o cair! deixa-o machucar-se! Quanto