mais trambolhões levar em pequeno, melhor, depois se aguentará nas pernas!
— Mas ele é tão fraquito, coitadinho!
— Por isso mesmo! por isso mesmo precisamos torná-lo forte! E previno-te de que já é mais que tempo de acabar com esse insuportável tratamento de "Janjão!" Aqui não há janjões! Meu filho chama-se João! Tem o nome do avô, um herói, um fidalgo! Não desses que hoje se fazem aí a três por dois, mas dos legítimos, dos bons! — Entendes tu? — dos bons!
E inflamava-se, como sempre que se referia à sua procedência. Vinha, com efeito, de fidalgos: era sobrinho bastardo de um conde português.
À mesa exigia que o filho lhe ficasse ao lado e obrigava-o a comer bifes sangrentos e tomar vinho sem água.
Um dia a esposa revoltou-se:
— Pois tu vais dar conhaque ao menino, Lourenço?! exclamou ela escandalizada.
— Deixa-o cá comigo, senhora! Eu sei o que faço!
— Olha que isso pode sufocá-lo, homem de Deus!
— Qual sufocar o quê! Por essas e outras é que, para os estrangeiros, não passamos de "uns macacos"!
A mulher que se desse ao trabalho de saber como se fazia na Europa a educação física das crianças! Queria que ela visse a criação que tiveram D. Pedro e D. Miguel! E eram príncipes! — Entendia? — eram príncipes legítimos!
E, voltando-se para o filho, gritou, arregalando os olhos e soprando os bigodes, que já então se faziam cinzentos:
— Tu não queres ser um homem forte, João?! Queres ser um descendente degenerado de teus avós?!
Janjão olhou o pai com medo, e abriu a chorar.