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ZULMIRA.



Sonhara-te eu na veiga de Granada,
Tapetada de flores e verdura,
Onde o Darro e Xenil no lento gyro
    Volvem a lympha pura.

Alli te vejo em leda comitiva
Dos gentis cavalleiros do oriente,
Quando, deposta a malha do combate,
Vestem da paz a seda reluzente.

Alli te vejo n’um balcão sentada,
Grande preço da maura architectura,
Pejando as azas das nocturnas brisas
    D’um canto de ternura.

Alli te vejo, sim; mas mais me agrada
O que se m’afigura n’outro instante,
Ver-te em vistosa tenda d’ouro e sedas,
Levantada no dorso do elefante.

E em roda, ao largo, o sequito pomposo
D’eunuchos a teo gesto vacillantes
Em cujas frontes negras se destacão
    Alvissimos turbantes.

E pergunto quem es? — Então me dizem
Ciosos de guardar o seo thesouro,
Nome tão doce aos labios, que parece
Escrever-se em setim com letras d’ouro.