ção de Shakespeare; deve ser o contraste do roatsbeef britannico, com que se alimenta a liberdade do Reino-Unido. Uma tal Miss Dollar deve ter o poeta Tennyson de cór e ler Lamartine no original; se souber o portuguez deve deliciar-se com a leitura dos sonetos de Camões ou os Cantos de Gonçalves Dias. O chá e o leite devem ser a alimentação de semelhante creatura, addicionando-se-lhe alguns confeitos e biscoutos para acudir ás urgencias do estomago. A sua falla deve ser um murmurio de harpa eolea; o seu amor um desmaio, a sua vida uma contemplação, a sua morte um suspiro.
A figura é poetica, mas não é a da heroina do romance.
Supponhamos que o leitor não é dado a estes devaneios e melancolias; n’esse caso imagina uma Miss Dollar totalmente differente da outra. D’esta vez será uma robusta Americana, vertendo sangue pelas faces, fórmas arredondadas, olhos vivos e ardentes, mulher feita, refeita e perfeita. Amiga da boa mesa e do bom copo, esta Miss Dollar preferirá um quarto de carneiro a uma pagina de Longfellow, cousa naturalissima quando o estomago reclama, e nunca chegará a comprehender a poesia do pôr do sol. Será uma boa mãi de familia segundo a doutrina de alguns padres-mestres da civilisação, isto é, fecunda e ignorante.