Esta scena tornou Emilio frio para mim; eu soffria com isso; procurei tornal-o ao estado anterior; mas não consegui.
Um dia em que nos achavamos a sós, disse-lhe:
— Emilio, se eu amanhã te acompanhasse, o que farias?
— Cumpria essa ordem divina.
— Mas depois?
— Depois? perguntou Emilio com ar de quem estranhava a pergunta.
— Sim, depois, continuei eu; depois quando o tempo volvesse não me havias de olhar com desprezo?
— Desprezo? Não vejo...
— Como não? Que te mereceria eu depois?
— Oh! esse sacrifício seria feito por minha causa, eu fôra cobarde se te lançasse isso em rosto.
— Dil-o-hias no teu intimo.
— Juro que não.
— Pois a meus olhos é assim; eu nunca me perdoaria esse erro.
Emilio pôz o rosto nas mãos e pareceu chorar. Eu que até alli fallava com esforço, fui a elle e tirei-lhe o rosto das mãos.
— Que é isto? disse eu. Não vês que me fazes chorar tambem?