Um dia Nosso Senhor Jesus Christo, viajando na Alsacia, foi surprehendido pela noite á entrada d'uma aldeia. Procurou d'um lado para outro uma casa, onde podesse pedir pousada, mas as portas estavam já todas fechadas, não se via nem um raio de luz atravez das janellas, tudo estava adormecido. Apenas no fim d'um beco se ouvia o barulho do mangual com que se bate o trigo, e n'esse sitio havia uma pequena luz. Nosso Senhor dirigiu-se para lá, chegou ao pé do muro d'uma quinta, e bateu á porta. Foi um camponez que lh'a veiu abrir.
— Fazia favor, disse-lhe o bom Jesus, de me dar agasalho por esta noite? Não se havia de arrepender.»
E accrescentou:
— Visto que já todos estão deitados, para que é que você está ainda a trabalhar?»
— Ora, respondeu o camponez, soube hontem á noite que ia ser perseguido por um credor desapiedado, se lhe não pagasse ámanhã o que lhe devo, portanto eu e meus filhos estamos a bater o pouco trigo que colhi, para o vender no mercado, e pagar a minha divida. Depois disto não nos fica