que o author do folheto se propôem a enganar, he tambem necessario, que sêja o principal, que eu me proponha a acautellar do engano.
Os Inglezes perdêram de vender as suas fazendas de laã, e algodaõ em Portugal, he verdade: ¿mas naõ sabe todo o mundo, que as fabricas de Portugal exportávam, para o Brazil, grande valor, nestas mercadorîas? Todas éstas fazendas portanto, que se exportávam para o Brazil das Fabricas de Portugal naõ podem ir agóra; e por consequencia saõ os Inglezes, os que tem de fornecer o Brazil com éstas fazendas, no que lucraraõ tres vezes mais do que lucrávam no mesmo genero de fazendas em Portugal.
Os Inglezes supprîam-se de vinhos de Portugal; esses continûam a vir agora do mesmo modo; e quando naõ viessem, os miseraveis lavradores do Douro, e mais pessoas empregadas neste tráfego de vinho, éram os que ficavam arruinados, naõ tendo outra cousa de que vivessem. Em prova disto appello para todos os habitantes de Lisboa; e peço-lhes, que compárem a situaçaõ actual da quella infeliz Cidade, com o seu florente estado em quanto fazîam o commercio com a Inglaterra. O primeiro favor, que os Francezes lhe fizéram, foi impor-lhe a pezadissima contribuiçaõ de quarenta milhoens de cruzados, sem que aquelle Reyno resistisse aos Invasores, nem desse o menor motivo de ressentimento ao Governo Francez; mandàram fundir a prata das Igrejas, e tem-lhe feito todas as mais insolencias, que eu terei para o futuro o cuidado de deixar aqui em registro, neste jornal, para que naõ esquêçam.
As ruas que se viam em Lisboa empachadas com caruagens, hoje estaõ, que apenas por ellas se vê passar um carro, os caes de Lisboa, que fervîam com gente, empregada no embarque e desembarque de mercadorias, hoje so tem as vigias, e satelites do Governo Francez, que espîam os miseraveis fugitivos, os quaes para se livrar da oppressaõ dos