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com todos os seus horrores; donde se vê, que a França pelo desejo de vingar-se da Inglaterra, a quem naõ pode directamente morder, vai arruinar de todo, e por todo, o Reyno de Portugal, fazendo aos Inglezes o insignificante mal de que naõ póssam vender, nesse paiz, huma duzia de canivetes. Que comparaçaõ tem o mal que soffre Portugal, nesta sua extinçaõ do commercio, com o que a Gram Bretanha perde em naõ ter nogociantes Inglezes em Lisboa? A disparidade he mui evidente para que me demore mais em provalla.
     Depois do Author haver assim balbuciado sobre o Commercio de Inglaterra, de que he evidente naõ saber cousa alguma, passa, segundo elle nos diz, a fallar sobre a sua Politica, e Agricultura; este ramo em vez de o ligar com a Politica, deverîa atallo com o commercio; mas o author importa-lhe pouco com o methodo. Ouçamos o que nos diz.
     “ Em quanto á sua Politica, diremos que a baze fundamental da Politica Ingleza foi sempre, e particularmente na presente guerra, elevar a sua Naçaõ a hum gráo de poder immenso, posto que seja a custa da ruina das outras Naçoens: dominar os mares, fazendo tributarias as Naçoens do Mundo, que por elles quizerem navegar, e destruir o Commercio Martimo de todas as Naçoens; somente lendo o Decreto seguinte, prova-se quanto até agora temos dito: Gazeta de Londres do 1 de Dezembro de 1807. ‘ Depois de ter passado hum anno determinou o nosso Governo usar de represalias contra o bloqueio das Ilhas Britanicas, decretado por S. M. o Imperador e Rey, declarando em estado de bloqueio todo o continente da Europa. Nenhum navio neutral poderà entrar nos seus portos desde Memel até Constantinopola, como naõ tiver sahido dos de Inglaterra. Se os navîos das potencias neutraes quizerem commerciar na França, e Hespanha, deve ser sugeitando-se a entrar antes nos nossos portos,