Página:Da Asia de João de Barros e de Diogo de Couto v01.djvu/476

quanto a maior parte deita fazenda era de mercadores de Meca, de quem elle tinlia recebido certas oíFenfas, e o Çamorij deferviços, lhe confeíTava que teria contentamento de a tomarem, e o Camorij folgaria muito com iíTo, principalmente por nella ir hum Elefante, que o mefmo Camorij muito defejava, o qual lhe não quizeram vender, e o levavam pêra baldear em Cambaya. E como ifto eram appetites de Príncipes j e tam.bem haviam por aífronta das terras de fua jurifdicção, levarem pêra outras alguma coufa em leu defprazer, emais defejando-a elle, verdadeiramente podia elle Aires Corrêa crer, fe ordenaíTe como o Çamorij houvelTe aquelle Elefante, daria por elle carga de pimenta a duas náos. E que deílc avifo, que lhe dava,!iuma fó mercê queria delle, que lhe maníiveíTe fegredo, porque naquella Cidade de Calecut havia alguns mercadores, que tinham trato com eftes de Meca; e fabendo como fua mercê era fabedor defta náo, lhe mandariam avifo com que fe falvaíTe. E tam.bem nao os queria ter por imigos, fabendo fer dle o auclor diiTo y e que deíía verdade que lhe defcubria, não dava mais penhor de fer aílí, fenão a mefma náo, que feria alli ante de dous dias, como veria fe a mandalTe vigiar; c ainda teve tal modo, que fez com o Ça-

mo-