estava chovendo. Ora! Para que se inventaram as capas e os guarda-chuvas? Vi-o de lá pensativo... Em que estava pensando?
— É preciso perguntar-me? Em que penso eu sempre e a todas as horas?
— Em mim?... Pois aqui estou!
— Que imprudência!...
— Deveras!
— Oh! não me chame de ingrato para a felicidade! Mas se ela deve custar-lhe o menor dissabor!... não a quero! Podia alguém vê-la!...
— Eu não me escondo!... respondeu Emília com altivez.
Depois, velando-se de súbita melancolia, acrescentou com um sorriso:
— Não tenha cuidado. Eu sou rica; não me comprometo.
— Que significam estas palavras, D. Emília?
— Vamos nós agora discutir aqui, de um e outro lado da cerca?... atalhou ela rindo francamente. — Já não me lembra o que disse! Mas, com efeito, o senhor é bem pouco amável! Nem sequer ainda me convidou para entrar!
— Eu não me animava!
— Foi bom então que me animasse eu, do contrário ficaríamos aqui, à chuva! Está bem! Faça-me o favor de abaixar a cabeça.
Tirou o seu lenço, e vendou-me com ele. Depois calcando a mão sobre o meu ombro, percebi que ela saltava a cerca. Creio que sua botina resvalando pelos galhos úmidos do espinheiro