fez aos dezoito anos?
— Eu!... Tenho dezoito anos e nunca fiz um só.
— Inspira-os, que é melhor.
— Obrigada! Já lhe inspirei alguns?
— A senhora... D. Emília?...
— A senhora... Por que não me chama Mila? É como me tratam os que me querem bem.
— E Mila chamará Augusto?
— Está entendido! Não é como lhe chamam seus amigos?
— Meus amigos me tratam por tu — disse eu sorrindo.
— Isso não! Quando eu disser tu, é porque não existe mais eu em mim. Porém responda! Já lhe inspirei algum verso?...
— Quantos, meu Deus!
— Mostre-me! Quero ver!
— Mas eu não escrevi! Para quê? Eles não diriam tudo que eu sinto.
— Pois agora há de escrevê-los para mim: sim, Augusto?
— Não, Mila. Eu já não sei, ou antes nunca soube fazer versos. Quando se começa a vida, sente-se essa veleidade; é natural. É o tempo das flores, dos sorrisos e dos cantos. Isso passa.
— Mas por que não há de escrever ainda? Se não quer ser poeta, seja escritor. Não tem ambições? Não ama a glória?
— Amo; a glória da minha profissão, a única a que devo e posso hoje aspirar. É uma glória