Uns raivam de perder o ganho e as honras,
Trocam pela victória a propria vida;
Alenta os outros o sucesso: podem,
Porque julgam poder. E compartiram
245Parelhos esporões talvez o premio,
Se em rogos sôlto, ao ponto as mãos tendidas,
A si Cloantho os numes não chamasse:
«O’ deuses, cujo imperio equoreo trilho,
Voto alegre immolar-vos nestas praias
250Branco touro, e entornando castos vinhos
As entranhas verter no salso argento.»
Dice; e o côro de Phorco e das Nereidas
De baixo o attende, e Panopéa virgem;
Té do ancião Portuno o braço grande
255O empurra: mais que Nôto ou leve xara,
A nau se lança á terra, e o pôrto ganha.
Ao povo o Anchiseo, com pregões do estilo,
Então proclama vencedor Cloantho,
Venda-lhe a fronte com virente louro;
260De prata um mór talento ás naus, de mimo,
Tres novilhos á escolha e vinhos manda;
Com dons especiaes destingue os chefes.
Ao vencedor, orlando-a recamada
Purpura melibéa em dous meandros,
265Aurea chlamyde annexa: inda na téla
Regio menino, sofrego, açodado,
No Ida selvoso os despedidos cervos
Corre e a dardo os fatiga; e lá nas garras
Altaneira ás estrellas o arrebata
270A armígera de Jove; em balde as palmas
Velhos aios levantam, contra as auras
Dos galgos o ladrar se assanha em balde.
Ao segundo em valor, de fina malha,
Que o decore e defenda, auri-trilice
275Loriga dá, que a Demoleu vencido