nos que as volutas avançam investindo com a altura... Infelizmente isso não passa de uma ilusão, pura ilusão, não é verdade? Chegamos até a cornija do Templo, daí para cima é o grande vácuo e as espiras verrumam, verrumam...

Falamos em progresso e rolamos na morte. Nada se sabe. Se considero a música a mais espiritual das artes é porque a música é pura essência. O ritmo é a sua lei, a sua manifestação é o som, da natureza da luz e do éter, simples vibração, onda etérea, nada mais. A música explica-me, de certo modo, o invisível e eu compreendo a alma quando executo, sinto Deus quando componho.

— Tu?

— Sim, eu. Todos os artistas baixam do ideal para o real, o músico ascende; parte do real para o ideal. A Poesia comprime o Pensamento em palavras, a escultura é de pedra ou metal, a arquitetura é argamassa, a pintura é tinta — a música é ritmo e é som: o indefinido.