de ouro, uma pluma negra que ondulava airosa. E disse chamar-se Siva.

O que, então, se passou em mim, só a expressão “vexame” pode dizê-lo. Ardia-me o rosto incendiado em pudor e não me vinha palavra aos lábios, tão perturbado fiquei diante daqueles jovens que sorriam.

Mas o moço falou e eu que, até então, só ouvira vozes ásperas, tive uma surpresa de êxtase ao som melodioso com que ele se anunciou “meu servo”, pedindo humildemente as ordens do meu desejo.

Logo, porém, voltei-me a um suave prelúdio — era a moça que repetia as palavras do companheiro e o meu espanto, deliciado, ficou entre os dois lindos sorrisos, entre as luzes acariciantes daqueles olhos que pareciam trazer um dia azul de primavera e os negros uma noite aveludada de luar e de sonho.

Ó a morte de Dorka! A morte de Dorka! Como me pareceu um bem...

Sentindo-me disposto a deixar o leito afastaram-se os dois jovens e os passos da moça foram ressoando pela câmara.