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Oh! mal hajam os meus dias de vida,
Desta vida de crú vegetar,
Que delirios de branto e tormentos
A existencia m’intentam roubar!

E tão triste, qual rôla que geme,
E tão murcho, qual flôr desfolhada,
E tão stéril, qual erma campina,
E tão mudo, qual fonte estagnada,

Hei de embora p’ra sempre opprimido
Em tão triste e medonha soidão,
Adorar-te na vida, e na morte,
Conservar em meu peito a paixão!




A ELLA.


Na taça onde cuidei sorver doçuras,
Libei por mãos da ingrata, o fel da morte!…
João de Lemos.


I.


Sois bella na verdade, mas quanto é falso
Vosso olhar, vosso gesto e coração!
Porque de amôr fazeis nutrir esp’ranças
Quando a ninguem amaes? — Porque dolosa