II.
Qual lympha dos bosques suas agoas correndo,
Tão brandas, tão puras no seu murmurar,
Assim minha vida em seu mago arrebol,
Ditosa fruia venturas sem — par.
Qual flôr expontanea que á beira dos rios
Nasceo, e não teme que a venham ceifar,
Assim minha vida, em seu mago arrebol,
Ditosa fruia venturas sem — par.
Fruia ditosa no seio fagueiro
De Virgens mui santas, de Mãi carinhosa,
A vida scismada de magas delicias,
A vida do mundo a mais primorosa.
Seus labios floriam o riso dos Anjos,
No peito echoando os philtros d’amôr,
D’amôr sacrosanto, por Deos inspirado,
D’amôr que não mente, de Deos Creador!
Que doce fallar escutava a minh’alma,
Sorvendo de um trago seus santos preceitos!
Que doce magia vibrava na voz,
Pintando do mundo seus torpes defeitos!
Cuidava então viver n’um céu de rosas,
Isento dos espinhos roedores,