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violentamente me arrebataram, de taes travôres tóxicos me angustiaram e acidularam a alma, de tão finos dolorimentos e agoniados transes a lanceraram, que eu parto hoje para sempre de ti desilludido, deixo, abandono, para nunca mais! a amplidão larga, tépida e magnética dos teus braços, á cuja sombra mancenilhosa adormeci descuidoso, sonhei e accôrdei agora fundamente envenenado por lethaes narcotismos...

Fuji de ti, desilludido, fatigado de percôrrer as steppes da tua alma, cançado de gyrar absorto em torno dos enigmáticos caracteres egypciacos dos teus caprichos indomáveis, do sepulchro tremendo onde jaz a múmia fria do teu Affecto.

Não possa mais entregar-me ao cilicio martyrisante da tua insana volubilidade, aos calvários tantalicos da tua sede egoistica e vingativa de gélidos e apunhalantes desdéns, aos teus sorrisos negros, aos teus beijos negros, ao teu côração sombriamente morto como um relógio parado n′uma casa deserta, aos teus encantos sinistros, a todos os teus feminis e seductores encantos sinistros...

Parto, sigo, vou-me para sempre embora!

A tua voracidade de Águia famulenta fez-me delirar de incertezas, de duvidas e blasphemar