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e nobre Humildade se encolhe e protege nos obscuros vãos de uma porta para não morrer esmagada pelo bárbaro tacão da Prepotência, eomo a philaucia triumplia e como a Grande Virtude de todos os tempos está cega e pede esmola envolta em duros frangalhos! Tu, Genial, que tens suspiros, que tens anciãs, que tens lagrimas para esta Comédia fúnebre, mas dolorosa, em que vae o mundo; tu, singular e livido demónio que te fizeste monge, que tens a tua ironia santa que divinisa e nirvanisa, o teu rebellado sarcasmo em brazas, toda tua mordacidade inclemente para essas tristes cousas terrenas, não podes ver sem abalo, sem commoção profunda, almas de mocidade já sem dedicação intensa, sem energias claras, sem enthusiasmo absoluto. Não d′esse enthusiasmo official, collectivo, das massas — mas esse enthusiasmo propulsor das cellulas, esse enthusiasmo dúctil, voluptuoso, nervoso, que vem da extrema sensibilidade; esse enthusiasmo que é tónico, que é ether puro, que é oxigénio matinal, que é essência creadôra, que é chamma fecunda e aza branca no genuino espirito; esse enthusiasmo que é força altiva, que é dignidade serena, que é emoção original e casta, que infiltra azul e sol nas veias, accende aurora e vibra cânticos no sangue.