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A SOMBRA

Ó Dôr das Origens millenarias! Divina ConsagraçSo das Lagrimas! Seio profundo e mysterioso das Apotheoses negras do Gemido e do Soluço! Dôr das supremas Dores! Dôr da imponderável Saudade! Qu tu sejas neste momento commigo e me unjas com a tua espiritualisante graça...

Sim! devia ser em sonhos, n′um fundo de phosphorescencias e neblinas, que eu vi a tua sombra, o teu vulto — certo a tua carne, o teu corpo, palpitando vida, caminhando para mim, espectral e ao mesmo tempo vivo, dessa vida que respira, que falia, que olha, que olfacta, que gesticula e ondula...

Sim! foi em sonhos!

Não sei que estado eu experimentava em certa hora, que estado de nervos, de sensibilidade,