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– É, d. Paulina, mas a sua saúde...

– Não me fales em saúde... eu não sofro nada... sou tão feliz.. Olha, Eduardo, olha esta face... este beijo fu­nesto... está me ardendo ainda... apaga-o, Eduardo, apaga esse beijo com tua boca...

Falando assim Paulina estendia a cabeça, e apresentava a face a Eduardo de um modo tão meigo e suplicante, que ele quase contaminado do mesmo delírio chegou-lhe os lábios e beijou-a com ardor.

A face de Paulina estava fria. Eduardo aterrado desviou o rosto, e encarou-a com atenção. Os olhos baços mal refletiam uma luz frouxa como de quem vai adormecer; o car­mim das faces tomava um tom lívido, as pálpebras tremiam-lhe; mas um fraco sorriso estava sempre fixo em seus lábios, e pairava-lhe sobre a fronte angélica serenidade.

Paulina enlaçou-se ao pescoço de Eduardo, e deitou a cabeça sobre o ombro dele como criança, que quer adormecer. – Eduardo! – murmurou com voz sumida, exalou um fraco soluço, e ficou imóvel.

– Paulina! Paulina! – exclamou o moço assustado, agitando a brandamente. – Estava de feito adormecida.

Eduardo pousou-a de mansinho sobre o travesseiro;