apontou-lhe direito ao sangrador a espingarda de fiança, que sempre trazia consigo, mas decerto a mão vacilou-lhe, porque tiro apenas pegou de leve na costela da onça. O animal irritado deu um urro medonho, desceu até ao meio do tronco curvou o dorso como cobra que quer dar o bote, pulou por cima de toda a alcatéia de cães, que esganiçando se apinhavam embaixo do pau, correu como uma seta para o lado do rancho, e embarafustou por ele adentro.
Os negros soltaram a um tempo um grito de pavor, e o velho fazendeiro sentiu gelar-se-lhe o coração de susto, as pernas bambearam-lhe, e quase que foi ao chão. Mas o amor paternal sobrepujou o terror, e o pobre velho tropeçando, abalroando e caindo pelos tocos e coivaras correu com a maior celeridade que pôde para o lado do rancho; o mesmo fizeram os escravos, que o acompanhavam. A onça, quando entrara no rancho atropelada e acossada de perto pelos cães, nem de leve tocou, e talvez nem viu as duas criaturas, que lá se achavam; cuidando que ali seria uma toca, onde acharia guarida segura, só tratava de defender-se contra os que a perseguiam.
O rancho tinha somente aquela estreita entrada, onde há pouco Paulina se achava sentada. As duas míseras mulheres não tinham nem para onde correr,