Página:Historia e tradições da provincia de Minas-Geraes (1911).djvu/39

espingarda, um cavaleiro a todo o galope rompe da mata, e investe para o rancho, a cuja porta a onça dava combate sanguinolenta aos cães, que ousavam aproximar-se-lhe. Já esta­va na distância de um tiro de espingarda, quando seu cavalo embaraça-se nas coivaras, e cai. Mas lesto e pronto o cava­leiro salta fora dos arreios, e com uma pistola em cada mão avança resoluto para a onça e desfecha-lhe à queima-roupa um tiro na cabeça. Em dois arrancos o feroz animal arroja-se sobre ele, lança-o por terra, e cai também para um lado estrebuchando e morre.

Nesse momento chegavam já, porém tarde, os outros caçadores, que vieram achar três corpos exânimes, a onça, que expirara, o cavaleiro malferido e banhado em sangue, e Paulina desmaiada. Uma das enormes patas da onça tinha apanhado em cheio o peito do infeliz caçador, e lacerando-lhe cruelmente as carnes o havia derribado no chão sem sentidos.

Uma cuia de água fria lançada na cabeça de Paulina restituiu-lhe prontamente os sentidos, e o consternado pai levantou aos céus as mãos agradecidas chorando de alegria ao ver que felizmente sua filha estava ilesa. Mas o denodado caçador, o intrépido salvador de sua filha, esvaía-se em san­gue que jorrava de três largos e fundos lanhos, que as gar­ras do animal lhe haviam aberto no peito, e o velho e todos